Daniel Farias escreveu um livro de terror, baseado em fatos reais, que supostamente tem feito jovens se suicidarem ao final de sua leitura — tudo porque ele resolve, nesse livro, o mistério de um outro suicídio, coletivo, de sete jovens, há muitos anos atrás. Seria ele culpado por esses novos suicídios? O livro que ele escreveu fala realmente da realidade, onde esses jovens do passado seriam integrantes de uma seita que estaria invocando o Dragão, o demônio que traria a Verdade ao mundo?
Até o fim da queda é uma puta de uma estreia. Ivan Mizanzuk mostrou que não será qualquer escritor, que não se perderá no meio do mar de mesmice e mediocridade da atualidade. Seu livro é completamente diferente de tudo o que já li. Não há a estrutura de um romance; não há descrições; não há narrações — todo o livro é construído em cima de transcrições, e isso funciona fantasticamente bem.
Na obra, belamente executada pela editora Draco, alternam-se registros de uma entrevista que o autor dá — não o Ivan, mas o do livro-dentro-do-livro, o Daniel —, publicações de sites, recortes de jornais, transcrições de sonhos, gravações em fita K7, cartas da Idade Média e até mesmo comentários de blogs — e, assim, tudo vai construindo em nossa mente a trama, como num bom filme, como num bom documentário, como numa boa estória. O autor — dessa vez, sim, o Ivan Mizanzuk — nos prova que, para escrever algo que valha a pena ler, não é preciso seguir um padrão, não é preciso cair em clichês, não é necessária nem sequer a tão famosa “jornada do herói”; ele nos mostra que existe, sim, a possibilidade de criar algo completamente diferente, um bote salva-vidas vermelho-neon num infinito oceano azul sem ondas.
Tenho certeza que Até o fim da queda será considerado um clássico da literatura brasileira no futuro, e, mais uma vez, parabéns à editora por ter aberto suas portas para o Ivan.
Nem preciso dizer para vocês, leitores, correrem atrás dessa obra o mais rápido que puderem, não é?
É um favor que farão a si mesmos.
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