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quarta-feira, 30 de abril de 2014

Rock pelo Mundo #1


Uma das minhas grandes paixões é, sem dúvida, o rock, em praticamente todos os seus subgêneros, do pop rock ao death metal. Sempre curti, nesses variados estilos, as bandas que misturam os estilos musicais de suas culturas ao rock, gerando, assim, o gênero chamado folk rock - folk de folklore, cultura popular, ao contrário de muitos que pensam que folk rock é só música celta com rock. Esse é, provavelmente, o tipo mais comum, sabe-se lá por quê, mas qualquer mescla de uma música cultural "nacional", digamos assim, com o rock é folk rock. Engenheiros do Hawaii, por exemplo, é folk rock.

Assim, um belo dia, ouvindo as misturas de música brasileira com metal do Angra, pensei: "Será que existe alguma banda que mistura música árabe com metal?" E eis que minha esposa descobre a banda Orphaned Land. Meu mundo se abriu então.

Decidi: "Vou procurar bandas de folk rock do mundo todo!" Encontrei muitas, mas nem todas folk. Mesmo assim, ainda continuo procurando, e agora tenho a missão auto-imposta de encontrar uma banda de cada país do mundo! Difícil... Mas será que é impossível?

E hoje começo a compartilhar essas músicas com vocês.


1. BRASIL

Angra - Awake from Darkness


2. ISRAEL

Orphaned Land - The Warrior


3. BÓSNIA E HERZEGOVINA

Emir Hot - Sevdah Metal Rhapsody





domingo, 27 de abril de 2014

Sobre boas surpresas


É tão bom quando a gente tem, às vezes, boas surpresas...! E me refiro, neste post, a duas delas.

A primeira, quando uma amiga me disse:

— Você gosta de ler, não é? Tem um livro maluco aqui que é a sua cara; aliás, não é um livro, é uma história em quadrinhos... Você quer?

E eis que ela me dá um exemplar de Sandman! Que maravilha! Mais precisamente o volume 2, A casa de bonecas. Vou ter que comprar o primeiro agora, hehe.




A segunda boa surpresa é em relação ao livro Marés de guerra, da série de World of Warcraft. Como eu postei antes, estou lendo dois livros de games — esse e o do Bioshock. Só que, pelo Skoob, eu tinha lido que, enquanto o segundo era uma boa história de FC independente da experiência com o game, o primeiro era meio difícil de ser entendido sem ter jogado, e que era meio rasa a história. Contudo, a escritora me cativou com alguns aspectos de sua narrativa. Como por exemplo nos trechos onde o personagem Kalecgos (um dragão azul em forma humana!) conversa com Jaina (uma maga humana), num momento tenso e de preocupações, depois onde Jaina se lembra dos prazeres simples do passado, e depois a conclusão de Kalecgos:

"- Soa... errado fazer brincadeiras - suspirou Jaina. (...)
- Pode soar errado - concordou Kalec, servindo-se de ovos, linguiça de javali e mingau de aveia, não obstante a zombaria com as habilidades do chef na noite anterior. - Mas não é.
- Não há dúvidas de que fazer graça é inadequado às vezes. - Jaina serviu-se e sentou-se ao lado de Kalec.
- Às vezes - observou Kalec, provando da linguiça. - Mas a alegria nunca é inadequada. Não a verdadeira alegria. Não a leveza de espírito que torna os fardos mais fáceis de carregar.
(...)

 - Lembro que eu... eu assoviava enquanto cuidava de minhas obrigações Os cheiros, a luz do sol, o singelo prazer de aprender e praticar e, por fim, dominar os feitiços, de me deleitar com queijos e maçãs e pergaminhos...
- Alegria - concluiu Kalec em voz baixa.

(...)

- Acho que você e ela não conviveriam muito bem. Ela nunca entendeu meu interesse pelas... Bem...
- Raças inferiores?
- Eu nunca chamei vocês disso - protestou Kalec. (...) - As raças não dragônicas não são inferiores. Tyrygosa demorou a perceber isso. Vocês são apenas... diferentes de nós. E talvez até melhores do que a gente em alguns aspectos.
- Como você pode dizer uma coisa dessas? - exclamou Jaina, erguendo as sobrancelhas douradas.
- Queijos e maçãs e pergaminhos. Você já conhecia as alegrias simples do cotidiano antes mesmo de completar duas décadas de vida."

É isso que me surpreendeu positivamente. Um escritor menor, digamos assim, poderia se perder em retratar apenas os aspectos épicos, fantásticos, sérios e dramáticos de uma história assim, mas a Christie Golden conseguiu se lembrar dessas "alegrias simples do cotidiano" em sua narrativa, e isso para mim torna qualquer história mais palpável, mais... humana?

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Um trecho marcante de Isaac Asimov


O livro que estou lendo do Isaac Asimov —O fim da Eternidade— conta a história de um Eterno, um homem que tem livre acesso ao Tempo e faz pequenas modificações para o bem da humanidade.

Desse ínterim, retirei esse trecho, perfeito, um exemplo fantástico da engenhosidade desse autor:


Você tem talento. Muita qualidade, rapaz. Procuro coisas grandes. E podemos começar com essa aqui, Século 223. Sua afirmação de que a embreagem emperrada de um veículo forneceria a bifurcação necessária sem efeitos colaterais indesejáveis está perfeitamente correta. Você pode emperrá-la?
— Sim, senhor.
Foi a verdadeira iniciação de Harlan na Tecnicidade. Depois disso, ele era mais que apenas um homem com uma insígnia vermelha. Ele havia alterado a Realidade. Havia adulterado um mecanismo por uns poucos minutos no Século 223 e, como resultado, um jovem não conseguiu assistir a uma palestra sobre mecânica à qual deveria ter comparecido. Nunca estudou engenharia solar e, em consequência, um invento perfeitamente simples teve seu desenvolvimento adiado por dez anos cruciais. Uma guerra no Século 224, espantosamente, sumiu da Realidade como resultado.
Isso não era bom? E daí que personalidades foram mudadas? As novas personalidades eram tão humanas quanto as anteriores e tão merecedoras de vida. Se algumas vidas foram abreviadas, outras foram prolongadas e tornaram-se mais felizes. Uma grande obra de literatura, um monumento ao intelecto e sentimento humanos, nunca foi escrita na nova Realidade, mas várias cópias foram preservadas em bibliotecas na Eternidade, não foram? E novas obras criativas passaram a existir, não foi?
No entanto, naquela noite Harlan passou horas em agonia e insônia, e quando, finalmente, grogue, cochilou, fez algo que não fazia há anos.
Sonhou com sua mãe.
Isaac Asimov — O fim da Eternidade


terça-feira, 22 de abril de 2014

Novas aquisições literárias #4


Em nova passagem pela Livrarias Curitiba, comprei (inspirado pelo episódio #34 do LiterárioCast) dois livros que romanceiam histórias de videogames: World of Warcraft: Marés da guerra, de Christie Golden - que comprei pelo vendedor me informar que os livros dessa série são histórias independentes - e Bioshock: Rapture, de John Shirley - que já li sobre, onde disseram que é um excelente livro de ficção científica, independentemente de ser de um jogo ou não.

Já comecei a ler o Bioshock, e parece interessante; tem uma narrativa boa, uma premissa legal e é escrito numa linguagem adulta. Vale mencionar a capa de ambos, bonitas, com belos desenhos, sem aquela arte 3D que cismam em colocar em livros de jogos, como os do Assassin's Creed e God of War...






P.S.: Já ia me esquecendo! Comprei também, pela internet, o livro A cidade dos milagres, do Christian Gurtner, do maravilhoso site Escriba Café.

domingo, 20 de abril de 2014

O quê você quer passar para o seu leitor?



Você sabia que pode dar uma cara, uma aparência, um caráter completamente diverso para o seu texto, dependendo da forma como você o escreve? — dependendo do enfoque que você dá à cena? — das palavras que você usa?

Consideremos um personagem — James. Ele precisa entrar num cômodo — um quarto — escuro, mas ele tem medo do escuro. Não é uma criança, mas... acontecimentos recentes lhe dão motivos para temer esse escuro. Existe um enfoque correto para essa cena? Depende do seu livro. Da sua história. Do que você quer passar. Alguns exemplos:


1. A cena escrita num estilo seco, direto, apreciado por alguns  eu inclusive. A emoção da cena dependerá do leitor, das experiências que o leitor teve em situações semelhantes. Quem partilha desse medo o sentirá, e quem não partilha achará o personagem um babaca  e ambas as situações ajudam a defini-lo para o leitor, que completará o que não é dito com seus próprios sentimentos.

Com passos lentos, James chegou ao quarto. Estava escuro, e não havia sequer uma fresta na janela que lhe permitisse distinguir qualquer coisa lá dentro. O interruptor ficava perto da cama, longe demais, e também não estava visível. James respirou fundo, seu coração acelerou. Ensaiou um primeiro passo dentro do espaço insondável, mas recuou. Não conseguia entrar, mas não podia simplesmente fugir. Puxou mais uma vez o ar para dentro dos pulmões, sentindo o coração pular... e entrou.

2. Outra possibilidade para a mesma cena: Gosta de humor britânico, como o de Terry Pratchett, Douglas Adams, entre tantos outros? É possível transformar o medo de alguém num humor nonsense ou negro? Claro que sim!

James havia prometido a si mesmo que nunca mais faria aquilo de novo  o que o levou diretamente para lá, um mosquito estúpido rodando em volta de uma lâmpada que o mataria. Por que ele não podia simplesmente deixar tudo para lá, ou para outros, ou para depois, quando estivesse se sentindo mais corajoso? Ok, tudo bem, isso significava que morreria esperando. Na porta do quarto, James viu  ou não viu, no caso  o escuro; pelo menos, se ele se borrasse, ninguém poderia ver. Maldizendo todos os ancestrais que se lembrou ter (e que não se lembrou também, e esses mais ainda, porque se não se lembrava é porque nunca tinham feito nada que pudesse encorajá-lo agora), ele bufou mais um pouco, tentando respirar, e finalmente se jogou naquele escuro que zombava dele. E James realmente não viu quando se borrou.

3. Pobre James. E se o fizermos entrar no quarto escuro mais uma vez, mas dessa vez botando medo não só nele, mas no leitor também? Lovecraft sabia fazer isso como ninguém, e você também pode tentar.

O piso velho rangeu quando James se aproximou do quarto mergulhado nas trevas. O mundo escurecia cada vez mais; cada passo arrancava-lhe um pouco mais de seu autocontrole; cada rangido evocava a visão de um demônio que ria de sua fraqueza humana. A escuridão transbordava para fora do cômodo e subia por suas pernas, por seus braços, por sua mente, fria como a morte, ou era a morte em si. Dolorosa e lenta, gelada, minando seu sangue e sua força de vontade, convidando-o para a incursão no desconhecido de suas entranhas. Às portas de tudo o que mais temia, James sequer tinha coragem para fechar os olhos, e rezar já lhe parecia tão ineficiente quanto esperar que voltasse a existir qualquer tipo de luz no mundo. Nada podia salvá-lo naquele momento, e ele cedeu ao chamado, cedeu à tentação de mergulhar no covil do inimigo, e entregou sua alma ao que quer que estivesse ali e quisesse levá-lo para os seus domínios.

4. Não satisfeitos com o destino de James, que teima em entrar nesse quarto, podemos também entrar diretamente em sua cabeça, num fluxo de consciência que mostra mais sobre a visão que o personagem tem do mundo do que da realidade em si.

O corredor não me mostrava qualquer escapatória: terminava naquele quarto, morria naquele quarto que eu não podia ver mas que me via, que me chamava enquanto eu lutava contra ele, mas uma luta desigual, uma luta onde se enfrentam um magro vira-latas e um pitbull, uma luta que não dá escolha ao destino sobre qual dos dois lados deveria agraciar com a vitória. Era uma luta-sem-luta, uma derrota anunciada, onde o vira-latas quer apenas provar que pode lutar, ou pelo menos que pode entrar no ringue e olhar de cabeça erguida para o oponente, e jogar-se contra ele apenas torcendo para que a derrota lhe seja justa, lhe seja honesta, lhe seja indolor e rápida, que seu oponente possa apenas derrubá-lo no chão sem tripudiar sobre ele, ou sobre o que restar dele, sobre seu cadáver. Aquela escuridão me dizia todas essas coisas, e eu, incapaz de lutar contra ela, apenas ouvia, ouvia e sentia, e nada pude fazer quando chegou o momento de me entregar a ela e descobrir como seria minha inevitável derrota.


Cada uma dessas abordagens trata do mesmo personagem e do mesmo medo que ele tem, mas não é sobre isso o que tratamos aqui  é sobre como o escritor, que é você, que sou eu, que somos nós, queremos passar esse personagem e esse medo e essa história ao leitor. É sobre o quê você quer quer o leitor sinta quando lê o seu livro.

A leitura é feita de sentimentos, na verdade, mais do que de enredos mirabolantes. Claro que, tudo encaixado da forma correta, apenas engrandece a história que se quer contar, mas o quê o leitor vai sentir quando a ler é que será lembrado depois de passar pelo filtro dos anos.


Filhos do fim do mundo, de Fábio M. Barreto



Esse feriado prolongado, onde fui forçado a permanecer em casa por conta de uma doença de minha sogra, tem me proporcionado a chance de quitar as dívidas com minha pilha de livros a ler  e o que terminei agora há pouco foi o Filhos do fim do mundo, do Fábio Barreto.

Fiquei em dúvida se escreveria esse post agora ou se deixaria para depois de digerir tudo... mas decidi escrever agora mesmo, ainda sobre o efeito da(s) emoção(ões) do final. E elas são conflitantes...

Começando do começo: o livro me surpreendeu positivamente desde o princípio. A escrita do Fábio Barreto é excelente, irrepreensível. E sei que, apesar disso, ela ainda vai melhorar mais com os próximos romances. É de um estilo diverso ao que eu considero mais agradável, o das longas frases, pensamentos misturados, frases dentro de frases, como essa, mas mesmo assim consegui ser surpreendido por seu estilo — e isso só pode ser um ponto a favor —, de frases curtas e de impacto. Lembra os aspectos bons de Stephen King e Dan Brown.

Quanto à história... Achei excelente, criativa e original mesmo. Quase desanimei na página 151 (quem leu sabe do que estou falando), mas sua saída foi genial! Hehe. Nos pegou direitinho.

O recurso dos personagens e lugares sem nome funcionou bem. Me lembrou o livro A falha, do escritor grego Antonis Samarakis — não sei se foi realmente uma referência, mas foi positivo relacioná-los para mim.

A única ressalva — repito, para mim — foi quanto ao final. Sim, sei que todo mundo gostou, mas eu já estava em lágrimas na cena do jipe e realmente tomei um choque quando a situação se reverteu. Juro que não esperava por isso, estava esperando o final mais... previsível? Mas mesmo assim reconheço que foi a resolução mais satisfatória. Não comprometeu o livro, para mim. Foi realmente uma boa história, e um dos melhores livros de autores nacionais que já li.

Recomendo que leiam essa obra, e digam: quem vocês vão ser no fim do mundo?

Eu certamente não serei o Blogueiro. Confesso que estou mais para os que não apareceram na história, e ficaram quietinhos em casa, esperando o fim de tudo, hehe.







««««/5  muito bom.

sábado, 19 de abril de 2014

O amante, de Marguerite Duras


Acabo de ler O amante, da escritora Marguerite Duras. É uma edição da Record/Altaya, daquelas lindas de capa dura azul e letras douradas, páginas amarelas ainda mais amarelas com o passar do tempo, gostosas de se folhear, de se tocar.

Como li em outras resenhas, é um livro triste, que mostra como a vida — real, pelo que pude perceber, não imaginava que seria autobiográfico — molda o destino, o caráter, o espírito de uma pessoa.

Uma narrativa não linear, um fluxo de consciência que transborda no papel o que é uma pessoa real, num mundo real, onde hoje é o Vietnã, numa época de guerra, e descobrindo... o amor? o sexo? ou a vida, simplesmente? por um chinês que a ama devotamente, mas que, como ela, sabe que tudo é simplesmente impossível. O final é quase redentor, embora não conserte nada, na verdade.

A verdade é que não há nada a ser consertado. O que há, nesse livro de poucas páginas, é apenas a vida real, em toda a sua magnitude.


««««/5

quinta-feira, 17 de abril de 2014

As séries que eu mais gosto/gostei


Ouvindo um episódio do Ovo Triássico, decidi fazer um breve comentário sobre as séries que eu assisti e mais gostei... Sem ordem de preferência.


  • Lost - Tá. Tem o negócio da temporada final, né? Mas, ignorando isso... As pontas soltas podem ser explicadas assim: é uma série de mistério. Ponto. Mistérios não são para serem explicados. Mas que a série foi foda, boa de se assistir, foi.
  • Game of Thrones - Não tem nem o que falar. Perfeita.
  • Todo Mundo Odeia o Chris - A segunda melhor série humorística de todos os tempos. O Julius era o melhor. E o Chris. E a mãe do Chris. Hehe.
  • Band of Brothers / The Pacific - Vi ambas, e achei a primeira um pouco melhor. Mas são muito fodas ambas, perfeitas mesmo.
  • Chaves / Chapolin - As melhores séries humorísticas de todos os tempos, dividindo o 1.º lugar. Roberto Gómez Bolaños é um gênio.
  • Simpsons - Vale desenho animado? Então esse é o melhor de todos, de todos os tempos.
  • The Walking Dead - Tô assistindo ainda, vi agora a 1ª temporada. Não sei... Tá legal... Mas como sustentar tantas temporadas que já tem só com zumbis... sem ficar repetitivo ou virar um Lost? (Edit: Desisti dessa série... Ficou repetitiva =/ )

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Um trecho marcante de Marguerite Duras


Jamais escrevi, acreditando escrever, jamais amei, acreditando amar, jamais fiz coisa alguma que não fosse esperar diante da porta fechada.

Marguerite Duras — O amante


domingo, 13 de abril de 2014

O oceano no fim do caminho, de Neil Gaiman



O mestre Gaiman é simplesmente fantástico, não é?

Qualquer coisa que estivermos esperando dele, ele nos surpreende e nos entrega uma história  não, um sonho  muito melhor do que qualquer coisa que se poderia esperar.

O nível da fantasia de Neil Gaiman é muito diferente do que nos é oferecido por aí, talvez apenas comparável a outro mestre, o Haruki Murakami. Essa belíssima história, sobre lembranças e esquecimentos, sobre o "mundo detrás do palco", sobre a infância e a amizade, realmente nos faz submergir, imergir, se afogar em outras vidas, em outras realidades... Nos faz esquecer da "vida real"  como toda boa história (ou todo bom ator) deveria fazer.

O oceano no fim do caminho foi um dos melhores livros que li dele. Tão bons quanto são: Deuses americanos, Coisas frágeis 1 e 2 e Os filhos de Anansi  ou seja, todos os que li, hehe.

Sigo ansioso pelos outros dele, e só sossego quando tiver lido todos.

A mais nova obra de arte d'O Cara.
«««««/5

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Microconto #2


Assim, ela se submeteu à sua vontade, disse que o amava, e talvez até o tenha amado mesmo, cozinhou para ele, passou sua roupa, ou teria passado se tivessem energia na ilha onde naufragaram, e fez tudo, tudo o que ele mandou.

Até o dia em que cortou sua têmpora com um coral e o matou.

— Eu disse — sussurrou ela em seu ouvido, como se ele pudesse ouvi-la —, eu disse que você não mandava em mim.

Então ela olhou em volta e, sozinha em seu universo, matou-se dois minutos depois.


segunda-feira, 7 de abril de 2014

Novas aquisições literárias #3


Mais uma parte da epopeia literaturística ampliativa de âmbito cultural e redutória espacial no âmbito prateleiral:

Na Livrarias Curitiba: Comprei, finalmente, o Filhos do fim do mundo, do Fábio M. Barreto; e o O fim da Eternidade, do Isaac Asimov.

No Sebo Literário, em troca de alguns livros que eu abandonei (por ter achado muito ruins): Fim de caso, de Graham Greene (que ouvi bem a respeito em algum podcast de literatura que elenquei uns posts atrás); O amante, de Marguerite Duras (já ouvi falar bem e dei uma folheada e gostei do estilo de escrita); Uma breve história do tempo, de Stephen Hawking (sempre gostei desses livros de física para leigos - hehe); e O Planeta 8: Operação salvamento, de Doris Lessing (que comprei por ser FC e principalmente por estar na banquinha de R$ 5).

Assim que lê-los, posto um breve comentário (que não são resenhas, por isso estão no marcador "divagações", e não "resenhas") sobre eles.





O código élfico, de Leonel Caldela



Após o fim  postergado propositalmente  de O código élfico, percebo ter tanta coisa para dizer e não saber como dizê-lo. Sinto que não conseguiria exprimir o quanto gostei dessa obra...

Mas enfim, vamos lá, numa torrente do que vier pela cabeça.

Uma das coisas que mais me agradam no Leonel é a sua habilidade em quebrar clichês. Confesso que quase acreditei que esse livro seria diferente, quando o primeiro personagem se mostrou um elfo, e arqueiro ainda por cima. Mas o clichê caiu por terra no primeiro capítulo (aquele era o prólogo). A quebra dos clichês é notável nessa história, com muitas viradas imprevisíveis na trama, e com um final (feliz?, ou não?) que passa longe de ser clichê.

Sobre os personagens: Nicole Manzini é apaixonante, apesar de quase poder rebatizar a Lei de Murphy como Lei de Nicole... Astarte é foda, simples assim. Fora do padrão élfico, digamos assim, mesmo por ser mesmo gerado fora dos padrões. Felix Kowalski... é uma figura. Engraçado, paternal, um guerreiro de primeira linha. Os personagens secundários também são memoráveis  Custódio Dutra, o Menino-Diabo, as trigêmeas, Salomão Manzini, Emanuel Montague, os monges... Cara, Leonel é foda. "O" cara.

Sinceramente eu chorei no final. Claro que, sem spoilers, numa fantasia épica, alguém iria morrer no final. E eu sabia que essa pessoa iria morrer, isso foi óbvio pra mim desde o início. E chorei assim mesmo, cacete.

Além de O inimigo do mundo, foi o segundo livro que li dele, e o segundo que me surpreende. 'Bora ler os outros do sr. Caldela, que o cara sempre entrega mais do que promete.



«««««/5

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Microconto #1


Hoje vou escrever bonito, pensou o dr. Ricardo, olhando para o receituário, logo antes de sofrer um ataque cardíaco e morrer, esticado no chão frio, por esgotamento físico.


quarta-feira, 2 de abril de 2014

Um trecho marcante de Leonel Caldela


Uma citação simples dessa vez, mas profunda pra caramba:

Saudade é relutar contra o mundo.

Precisa falar mais alguma coisa?



terça-feira, 1 de abril de 2014

O que significa o Z.I.T.O. do Angra?


Li no site Whiplash, postado pelo Saulo Azevedo:

Algo relacionado ao conto Partida do audaz navegante, de Guimarães Rosa, do livro Primeiras Estórias. Já deu pra sacar que o título traz uma forte referência à temática do disco Holy land. A história, porém, não se trata de um marinheiro que vai embora de casa, e sim dos acontecimentos vividos por uma família do campo numa "manhã de um dia que brumava e chuviscava". O "audaz navegante" é de uma história contada por uma das personagens, uma garotinha chamada Brejeirinha, irmã de Pele e Ciganinha, esta última meio que namorada do primo, chamado... Zito!
No decorrer da história, as crianças pedem à mãe para ir ver o "riachinho cheio",e quando chegam, se deparam com "a pequena ANGRA, onde o riachinho faz foz" (é lógico que no texto original a palavra angra não está em maiúsculas). Brejeirinha prossegue com sua história: "O Aldaz Navegante não gostava de mar! Ele tinha assim mesmo de partir? Ele amava uma moça, magra. Mas o mar veio, em vento, e levou o navio dele, com ele dentro, escrutínio. (...) O Aldaz Navegante se lembrava muito da moça. O amor é original..."
Essa passagem lembra muito o final de Carolina IV, o que não pode ser ignorado, já que o Rafael também participou da composição desta e o disco é conceitual. Faz-se também um paralelo entre o amor do "Aldaz" Navegante por sua moça e o amor entre Ciganinha e Zito. Considerando que os dois são adolescentes, a passagem da letra "Like a teenager discovery / What's more delightful than this? / Try to remember how good it was / Feeling the life as it is / To believe" parece trazer uma forte referência.
Voltemos ao conto: quando Brejerinha é intimada por Pele a dar um final a sua história, ela inventa um meio do navegante se salvar "Vou fazer explicação! Pronto. Então, ele acendeu a luz do mar. E pronto. Ele estava combinado com o homem do farol". No entanto, Pele protesta, argumentando que não vale "inventar personagem novo, no fim da estória", e aponta para um monte de ***** de boi dizendo que aquele é o "aldaz navegante". Brejeirinha até concorda, mas coloca alguns gravetos e flores para enfeitar. Quando a chuva começa a engrossar, o rio leva o navegante, depois de cada um da "turma" colocar um pequeno objeto seu. Pode-se perceber uma referência a essa passagem no trecho "Swimming naked of beliefs / And responsabilities / Just feel the sea of bliss / Mother nature brings to me / In fantastic purity / Everything I need".

Para mim, pareceu bem verdadeiro, uma vez que os compositores do Angra pesquisam exaustivamente para realizar suas obras o mais perfeitamente possível - mas claro que entra na já mitologia criada em cima dessa música...

Ponto pro Angra por isso =)


O melhor disco do Angra



Edit: O texto que o Saulo postou vem desse link: