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sábado, 21 de fevereiro de 2015

Um trecho marcante de Bruno M Soares


Pesquisando sobre a literatura fantástica portuguesa, deparei-me com esse artigo, falando sobre a procura de histórias para adaptação para curtas e longas metragens. Daí, clicando nos links para os contos escolhidos, cheguei a esse fantástico texto de Bruno Martins Soares, chamado O nome do rei. É incrível como, em poucas linhas, ele conseguiu transferir a mim, leitor, toda a melancolia intencionalmente incutida no texto — e, a meu exclusivo ver, também intrínseca ao povo português. Assim, gostaria de compartilhar um excerto desse maravilhoso conto:

Mas a morte do rei fez‑me sentir este vazio. Afonso era a História, eram os milhares de anos de sangue luso, era Portugal. E durante breves momentos, durante uns minutos em que reinou sobre todos nós, Portugal foi bonito de novo, foi grande ainda que pequeno, foi um passo para o futuro. 
Agora, olho para a lista negra no guardanapo e faço um grande esforço por conter uma lágrima. Afonso morreu. Tudo o que resta é o vazio. Tudo o que resta é uma herança que nunca vai ser honrada. Um dever que nunca será cumprido. Portugal voltará a ser Portugal. Esta amálgama de pequenos portugueses a suspirarem uns pelos outros. De novo abandonados à sua... à nossa sorte... Sozinhos...
Bruno M Soares - O nome do rei
(começa na página 53)

Fotografia por loka_mejias111

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Um trecho marcante de Carlos Ruiz Zafón


As mulheres têm um instinto infalível para saber quando um homem está perdidamente apaixonado por elas, especialmente se o rapaz em questão tem pouco juízo e é menor de idade. Eu preenchia todos os requisitos para que Clara me mandasse às favas, mas preferi acreditar que sua condição de cega me garantia certa margem de segurança e que meu crime, minha total e patética devoção a uma mulher que tinha o dobro da minha idade, da minha inteligência e da minha estatura, ficasse na sombra. Perguntava-me o que ela poderia ver em mim para oferecer-me sua amizade, a não ser, por acaso, um pálido reflexo de si mesma, um eco de solidão e de perda. Nos meus sonhos de colegial sempre seríamos dois fugitivos cavalgando na lombada de um livro, dispostos a fugir por mundos de ficção e de sonhos de segunda mão.

Carlos Ruiz Zafón - A sombra do vento, 2001