A morte da luz é, para mim, a melancolia retratada com palavras. Creio ser mesmo essa a palavra que melhor o define, e o título é, de fato, o resumo perfeito de Worlorn, o mundo onde se passa a trama. Um mundo que se afasta cada vez mais de seu sol — ou sóis, no caso —, com habitantes que se afastam cada vez mais de seus sonhos.
Dirk t'Larien é o protagonista assombrado por seu passado, que se torna seu presente e o assombra ainda mais quando joga em sua cara sua falta de futuro. Por mais diferente que seja, esse livro me lembrou o A estrada — em sua melancolia e falta de esperança. São tramas onde o que se têm está exposto à sua frente, e pouco ou nada se pode esperar de novo; assim, têm-se que viver um novo dia sem qualquer expectativa — ou mesmo sem qualquer alegria.
George Martin mostra, já nesse seu primeiro livro, que a qualidade de sua narrativa não cairia no mar da mediocridade. Para quem consegue imergir no mundo que ele apresenta, o que acaba encontrando é uma paisagem idílica; vazia, sim, mas cheia de poesia, e um reflexo do que vai à alma dos personagens principais.
Não há um antagonista, não há romance, não há clichês. Não há um protagonista heroico, e não há uma mocinha em perigo. O que há é um background extremamente bem construído, para os personagens e para os ambientes, para a história e para as justificativas, e há também aquele tradicional jogo que o autor faz com nossos sentimentos, em que num dado momento você se pega sofrendo pelo "antagonista" e desejando dar um tiro na cabeça do "par romântico" do "herói".
Dizendo assim, pode até parecer ter sido uma leitura ruim, mas muito pelo contrário: foi uma das melhores que fiz no ano. É errôneo imaginar que existe prazer apenas na beleza e na alegria; a melancolia é um dos sentimentos que mais nos coloca em contato com nosso verdadeiro "eu", e um dos mais profundos que podemos experimentar. Ainda que o final não seja uma unanimidade entre os que leram o livro, para mim foi perfeito: não há o que detalhar. Não importa, simplesmente. A morte da luz é apenas o retrato do fim — do fim de algumas histórias, do fim de algumas vidas.
««««/5
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