É engraçado o que a leitura de Gaiman faz comigo. É daquelas leituras que te deixam sentado, em silêncio, olhando para o nada, sem pensar, apenas sentindo. Posso afirmar, sem medo, que ele é o meu escritor favorito — e essa obra, Sandman: Os caçadores de sonhos, é uma realização — em toda a profundidade que essa palavra traz — dele em parceira com o meu desenhista favorito: Yoshitaka Amano.
Para quem não o conhece, ele é o ilustrador oficial da série Final fantasy — que também é a minha franquia preferida de videogames. Quando descobri essa obra na livraria, comprei-a sem pensar duas vezes. Para melhorar ainda mais, era barata.
Eu só não imaginava que a história me emocionaria tanto.
O texto de Gaiman é aquele negócio, né. Ele não exagera, não se demora, não enrola, não floreia — mas também não é cru. Usa as palavras necessárias para passar exatamente o que ele quer passar, e todas elas, na medida perfeita — e os desenhos de Amano são exatamente assim, também; têm o nível de detalhes na medida exata que precisam ter; podem ser uma profusão de traços e detalhes minúsculos ou um mar de cores e minimalismo que incomoda e deleita. A união de ambos — texto e traços — é imprescindível para a perfeição dessa obra.
E ela é perfeita. Não preciso explicá-la mais do que dizer que ela é uma ode ao amor. Alguns podem dizer que é apenas um conto, ou uma fábula, mas, na minha concepção, ela vai muito além disso. Ela é verdadeiramente um recorte dos sonhos. Gaiman e Amano trabalham com o está além — com o que está acima — do mundo real. Talvez eles trabalhem com o verdadeiro mundo real...
"Mas o que fizeram um pelo outro há de ser lembrado, e pode-se conjecturar que, neste momento, eles fizeram amor. Ou sonharam ter feito.
Quem sabe.
Quando encerraram as despedidas, o Rei dos Sonhos juntou-se a eles novamente.
— Agora tudo será como devia ser — ele disse, e o monge viu-se observando a raposa de dentro do espelho.
— Eu teria dado a minha vida por você — ela sussurrou, triste.
— Viva — disse o monge."
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