“— Me admira muito um crânio que nem você não saber quem é Chuang-Tzu. Até eu sei quem é Chuang-Tzu.
E como o momento requer uma pausa dramática e essa é uma concessão que ele não se importa de fazer pelo bem da cena, é só no final do parágrafo que Max arremata:
— Só não sei muito bem quem sou eu.
No ato se arrepende, primeiro porque já disse isso e a repetição arruína a punch line, e segundo porque um fiadaputa oportunista tenta lhe roubar a cena, se aproveita da pausa para provocar um ruído no andar de cima e se tem uma coisa que Max não precisa nesta casa estranha é um ruído no andar de cima, inda mais um ruído que soa como um índio sussurrando acanga tatá. Max garra na arma e vai investigar, sem parar para refletir que a estranheza maior do ruído é que, sentado na cozinha do andar de baixo, ele tenha conseguido ouvir uma palavra sussurrada no andar de cima.”
Lúcio Manfredi - Encruzilhada
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