“Ante os mais graves dogmas, ostentava–se quase sem reservas a irreligião de Lethierry. Deu-se o acaso de ser levado a ouvir um sermão acerca do inferno, pregado pelo Reverendo Jaquemin Herodes, sermão magnífico, empachado de textos sagrados, que provavam as penas eternas, os suplícios, os tormentos, as condenações, os castigos inexoráveis, os fogaréus sem fim, as maldições inextinguíveis, as cóleras do Onipotente, os furores celestes, as vinganças divinas, coisas incontestáveis; Lethierry ouviu o sermão e, ao sair com um dos fiéis, disse–lhe baixinho: “Ora, quer ver? Eu cá tenho uma ideia ratona. Suponho que Deus é bom.”
Adquiriu esse germe de ateísmo quando residiu na França.”
Victor Hugo - Os trabalhadores do mar
O humor de Victor Hugo é um negócio genial, não é mesmo?
E qualquer coisa —até mesmo a primorosa narrativa dele e a igualmente primorosa tradução do Machado de Assis— fica exponencialmente melhor com o humor =)
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