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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Os trabalhadores do mar, de Victor Hugo


Ler Victor Hugo não pode ser considerado um ato de entretenimento, eu acho; é, antes, uma experiência. Para mim, é perfeitamente clara a diferença entre ele, enquanto escritor, e outros autores, enquanto contadores de histórias. É o tipo de escritor que consegue construir uma obra relevante e interessante sobre qualquer coisa, ou sobre o nada. E sim, consegue, no presente, porque é imortal. Ler Victor Hugo é como ouvi-lo nos falar, dissertar sobre a natureza das coisas, e perceber não ter qualquer argumento para rebatê-lo.

Os trabalhadores do mar é aquela que alguns dizem ser sua obra-prima. Outros defendem ser, naturalmente, Os miseráveis, a mais midiática talvez, e outros ainda Nossa Senhora de Paris, mais conhecida como O corcunda de Notre-Dame, mas eu, particularmente, duvido que ele tenha alguma obra menos melhor que a outra. Ainda não li as outras — pecado que pretendo reparar em breve —, mas essa que acabei de ler é, sem dúvida, uma das melhores ficções não fantásticas (no sentido da FC&F) que li em minha vida.

Não bastasse ser um excelente filósofo, por assim dizer; um excelente observador da vida e de igual perícia em descrevê-la com palavras; ele é, ainda, um ótimo narrador da ação, quando ela toma espaço na história. Tem perfeito domínio do que quer causar em seu leitor, seja admiração, espanto, desilusão ou nervosismo — como na cena com a pieuvre; quem leu há de saber. Sem dúvida, era algo que eu não esperava, e causou uma tensão terrível e magistralmente construída.

Do meio para o final do livro, da forma em que a história se desenvolve, eu já imaginava que o final não poderia ser exatamente feliz, mas de forma alguma previa a virada do rumo das coisas daquela maneira. Não que tenha sido triste, ou errado; apenas foi um final real — que é exatamente o que mais gosto nas histórias, seja lá de qual forma ela forem contadas. A escrita de Victor Hugo parece ser a vida real em sua essência, com os seus melhores e piores aspectos, como se, por uma mágica, ela fosse transportada para o papel.

E, afinal, talvez seja mesmo isso o que ele fez — o que ele faz: mágica. Ele apenas nos engana ao escrever; o que em verdade faz é criar um portal temporal que nos leva diretamente àquela realidade, filtrada por seus olhos para que pareça ainda mais real, bela e admirável.


««««/5

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