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quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A menina submersa: Memórias, de Caitlín R Kiernan


Uma das poucas coisas que realmente me estressam, na literatura, é me sentir enganado. Não fico “bravo" quando leio uma obra mal escrita; eu simplesmente faço uma careta e a abandono. Também não fico “bravo" quando chego a um final ruim de um livro; dependendo de como foi a jornada, eu somente penso: “ah, bem que essa história merecia um final melhor..." (Lost, é com você, minha filha.) Mas quando uma obra me engana... Ah, aí eu fico fulo. É verdadeiramente uma traição. O principal exemplo, para mim, disso, é o livro Grande irmão, como mencionei nesse desabafo aqui.

Em A menina submersa: Memórias, não é exatamente a obra que me enganou — foi como a venderam para mim.


Em todas as artes, textos e etcéteras promocionais da editora Darkside, esse livro é vendido como um livro de terror. Ou, ao menos, um terror psicológico. Tudo bem que a protagonista começa o livro dizendo que vai contar uma história de fantasmas — no entanto, não é uma história de terror. Se você, leitor do blog, quer ler esse livro por causa disso, repense. A menina submersa é sim uma história de fantasmas, com sereias e lobos, mas são os fantasmas, sereias e lobos da protagonista, India Morgan Phelps, ou Imp, porque ela é esquizofrênica. Não, isso não é uma interpretação minha. Sim, isso está escrito no livro. Que é narrado em primeira pessoa. Pela protagonista. Que não deixa dúvidas. É a história dela, como ela se lembra, e inventando o que não lembra. Pode ser que tenha um ou outro elemento fantástico? Sim, pode. Mas não é esse o foco. Não é uma história de terror. É uma ótima história que destrincha, que escarafuncha, que desnuda a cabeça de uma pessoa perturbada por uma doença que rouba dela qualquer controle que ela tenha de sua mente — e isso, não tenham dúvidas, é muito bem feito —, mas não é a história que eu esperava ler quando abri o livro. Porque quem gosta de ler sabe que é preciso estar numa vibe adequada àquele livro. Quando se está com aquela puta vontade de ler uma fantasia épica e a única coisa que se tem em mãos é um Orgulho e preconceito ou um A moreninha, é óbvio que não se extrairá o que essas obras têm de melhor.

A menina submersa é um bom livro, que fique claro. Não é excelente, contudo. Apesar de ter adorado as viagens da protagonista e os problemas de relação dela com as mulheres de sua vida, Eva e Abalyn, achei o livro denso e arrastado demais. Talvez, como eu disse, por ter esperado outro tipo de narrativa. A diagramação é boa, com “supresinhas" ao longo das páginas, e a relação toda da protagonista com a arte em geral é bem legal, ainda que sempre envolta nesse véu de confusão e estranheza de todo o livro.

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