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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Eu quero a imortalidade


Este, certamente, será o post mais pessoal que já escrevi aqui. Outrora, os blogs funcionaram mais como um diário; agora, têm mais conteúdo do que divagações. Vamos resgatar esse antigo aspecto então aqui, porque existe um assunto que o episódio San Junipero, de Black Mirror e, consequentemente, o episódio 272 do AntiCast, me fizeram refletir mais do que nunca:

A ideia de finitude me aterroriza.

Será por isso que escrevo? Para permanecer no mundo, após o meu tempo de vida? Creio que não. Talvez eu deva, então, assumir: escrevo porque gosto de escrever. De criar histórias.

A questão é: quero ficar vivo para escrever histórias. E não só para isso. Quero sentir o vento, quero sentir o frio, e até o calor que odeio, quero ver a natureza, árvores, montanhas, rios, oceanos, quero ler, quero viver. Quero a imortalidade para isso.

Mas o que é a imortalidade"? Permanecer nesse mundo? Ter uma “alma" para continuar, ou — e é aí que entra o episódio San Junipero  a vida é a nossa consciência? Se for, a vida em San Junipero é uma possibilidade de imortalidade? Vamos ser mais específicos: um escritor, que tenha sua consciência transferida para uma realidade virtual, indistinguível da “realidade real" em tudo, irá continuar criando, escrevendo?

Se você não viu esse episódio de Black Mirror, saiba que San Junipero é para onde as pessoas que não querem deixar de existir ao morrer vão — suas consciências são levadas para lá, através, digamos, de upload. Desculpem pelo spoiler.

E eu, particularmente, faria isso.

Religiosamente falando, não sei no que creio. Nem se creio em algo. Acontece que, vendo por esse viés, e levando em consideração a reencarnação, onde temos que voltar para viver todo tipo de coisa para evoluir, eu pergunto: viver para sempre não dá na mesma? Pense, você que está lendo isso: quanto a sua vida mudou nos últimos 10 anos? Provavelmente bastante. A minha mudou radicalmente. E o que isso seria, essa multiplicidade de vivências, ao longo de 500 anos? 1.000 anos?

Mas aí você pode pensar: Mas viver em um programa, uma realidade virtual, não oferece a mesma carga de experiências que o mundo real oferece. Sério mesmo? Quantas mudanças e reboots e remakes de tudo o que é virtual você viu nesses mesmos 10 anos? Inúmeras, não é? Então você acha que San Junipero continuaria mesmo igual para sempre?

Então não nos atenhamos a esse aspecto da imortalidade. Dizem que a pessoa que vai viver para sempre já nasceu, hoje em dia. Isso significa: a medicina está tão avançada que, em nossa geração, ou nessa nova, dos que nasceram por esses dias, haverá alguém que já não morrerá de morte natural. Acho isso possível mesmo. E espero que seja. Mesmo que com um corpo artificial. Afinal, nossa vida é nosso corpo, nossa mente ou nossa alma?

E, se você acha que viver eternamente é um saco, responda honestamente: você quer mesmo morrer? Se respondeu “sim", responda essa outra pergunta: É porque você não gosta de viver, ou porque tem medo de ficar velho, ou doente, ou definhar? Em uma realidade virtual, em um corpo artificial ou com uma medicina avançadíssima, isso não aconteceria. E, se você acha que realmente morrer é um fato natural, após algum tempo... Bem, isso deveria ser sempre uma escolha pessoal.

Eu escolho viver o máximo que eu puder.



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