.: Este é primeiro livro do Desafio Literário do Marcador de Páginas, de um total de 7 livros! :.
Tentei esperar algum tempo após acabar a leitura de Deuses americanos, do Neil Gaiman — a releitura, na verdade —, para ver se ficava mais fácil falar sobre essa obra.
Não ficou.
O que acontece é que esse é um dos livros que eu mais gosto — deve ser o segundo, na verdade, só perdendo para O senhor dos anéis —, e é sempre difícil transformar em texto tudo o que uma obra assim significa para nós… Então não vou nem tentar. Simplesmente vou escrevendo, e o que sair saiu.
Como eu comentei na postagem linkada na primeira frase desse post, esse livro inaugura um dos meus dois desafios literários desse ano — é o “um livro com um portal para outro mundo”. E qual seria esse “outro mundo”? O mundo dos deuses. Os deuses que foram trazidos para a América (do Norte), quando ela foi colonizada, pelos seus devotos. Como protagonista, temos Shadow Moon, um ex–presidiário que vê sua vida entrar em colapso assim que sai da prisão. (Na verdade, ele sai da prisão porque sua vida começa a entrar em colapso.) A partir daí ele ganha um trabalho: servir de ajudante e guarda–costas do sr. Wednesday — alguém que é, em muitos sentidos, muito mais do que parece.
E o que significa o “+2” lá do título?
Significa que eu decidi ler, na sequência, as “aventuras extras” do protagonista, retratadas nos contos O monarca do vale, da coletânea Coisas frágeis, e o conto Cão negro, da coletânea Alerta de risco: Contos e perturbações. Aproveitando a onda da série que está para sair, eu decidi me inundar de tudo o que pudesse sobre esse universo incrível. Esses dois contos são o que são: aventuras extras mesmo, nada de mindblowing ou verdadeiramente essenciais — são mais agrados mesmo a quem adorou o romance.
Agora, continua difícil falar sobre a obra em si. Não quero dar spoiler, então vou comentar de forma meio disfarçada.
Shadow by ~luilouie |
Muita gente pela internet fala que o Shadow foi muito apático em relação às coisas que iam acontecendo. Acho que essas pessoas não leram a mesma obra que eu. Ele mesmo fala, mais pro fim do livro, que ainda estava processando tudo o que lhe acontecia — e de forma meio frenética, deve–se dizer. Acho que só duas reações são possíveis: ou surtar de vez ou aceitar e seguir em frente. Acho que as pessoas estão tão acostumadas com as over–reactions dos personagens de obras de escritores menos hábeis que se esqueceram como as pessoas de verdade reagem.
O livro tem uns momentos que me agradam muito, como os passados na cidadezinha de Lakeside. Lá tem dois elementos que eu aprecio muito: frio e sossego. Queria viver lá. Gosto muito também de estruturas de road stories como é o do livro. Além disso, a questão da guerra entre os deuses antigos contra os novos é fantástica. Confesso que queria que o livro tivesse umas 200 páginas a mais para que Shadow interagisse com outros deuses — claro que há a questão de que ele só encontraria deuses que foram levados para os Estados Unidos, mas creio que uma continuação da obra poderia mostrar personagens muito interessantes… E uma coisa me dá uma esperança quase infantil sobre isso: o que Gaiman diz na introdução da coletânea Alerta de risco:
“Há uma última história a ser contada, sobre o que ocorre com Shadow quando ele chega a Londres. Se ele sobreviver a isso, será hora de mandá–lo de volta aos Estados Unidos. Afinal, muita coisa mudou desde que ele foi embora.”
Ou seja: há, sim, a possibilidade de uma continuação de Deuses americanos, além da certeza de um terceiro conto sobre as andanças de Shadow. Sabendo que o sr. Gaiman (também conhecido como “deus”) gosta de continuações — afinal, está escrevendo a de Lugar nenhum —, só me resta orar a todos os deuses de todas as culturas pela saúde e por muitos anos de vida ainda ao meu escritor predileto :)
Visual dos personagens para a série |
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