O livro que estou lendo do Isaac Asimov —O fim da Eternidade— conta a história de um Eterno, um homem que tem livre acesso ao Tempo e faz pequenas modificações para o bem da humanidade.
Desse ínterim, retirei esse trecho, perfeito, um exemplo fantástico da engenhosidade desse autor:
“— Você tem talento. Muita qualidade, rapaz. Procuro coisas grandes. E podemos começar com essa aqui, Século 223. Sua afirmação de que a embreagem emperrada de um veículo forneceria a bifurcação necessária sem efeitos colaterais indesejáveis está perfeitamente correta. Você pode emperrá-la?
— Sim, senhor.
Foi a verdadeira iniciação de Harlan na Tecnicidade. Depois disso, ele era mais que apenas um homem com uma insígnia vermelha. Ele havia alterado a Realidade. Havia adulterado um mecanismo por uns poucos minutos no Século 223 e, como resultado, um jovem não conseguiu assistir a uma palestra sobre mecânica à qual deveria ter comparecido. Nunca estudou engenharia solar e, em consequência, um invento perfeitamente simples teve seu desenvolvimento adiado por dez anos cruciais. Uma guerra no Século 224, espantosamente, sumiu da Realidade como resultado.
Isso não era bom? E daí que personalidades foram mudadas? As novas personalidades eram tão humanas quanto as anteriores e tão merecedoras de vida. Se algumas vidas foram abreviadas, outras foram prolongadas e tornaram-se mais felizes. Uma grande obra de literatura, um monumento ao intelecto e sentimento humanos, nunca foi escrita na nova Realidade, mas várias cópias foram preservadas em bibliotecas na Eternidade, não foram? E novas obras criativas passaram a existir, não foi?
No entanto, naquela noite Harlan passou horas em agonia e insônia, e quando, finalmente, grogue, cochilou, fez algo que não fazia há anos.
Sonhou com sua mãe.”
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