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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Sentimentos à flor da pele, organizada por Vilto Reis e Anna Schermak


Enfim chegou às minhas mãos a tão aguardada antologia Sentimentos à flor da pele, organizada pelo Vilto Reis do podcast 30:MIN e pela Anna Schermak, ex-LiterárioCast, e que traz contos dos membros da podosfera literária brasileira. Além desses dois podcasts já citados, temos a presença do CabulosoCast, do LivroCast e d’O Drone Saltitante. O projeto desse livro foi lançado no Catarse, plataforma de financiamento coletivo, e viu sua luz nesse primeiro trimestre de 2016, onde há pouco chegou às minhas mãos e foi prontamente degustado. E agora será triturado, debulhado, eviscerado. Como eu esperei esse momento, bwahahaha…! E acham que essa minha empolgação é por amor a esses podcasters, que me acompanham tantas horas por semana?

Nananinanão. É porque agora eu terei a chance de me vingar de todos os livros e autores que eles já esculacharam em seus programas. Brincadeira; eu amo mesmo esses podcasters — mas serei totalmente honesto, como acho que eles esperam que todos sejam. (Preciso falar que tudo o que direi se trata apenas de minha opinião? Espero que não. Ops, já falei.)

Assim sendo, vamos começar pela antologia em si.




Sentimentos à flor da pele. Que nome ruim. Sério mesmo. Parece sugerir que você encontrará histórias água-com-açúcar, tipo Julia, Sabrina ou Nicholas Sparks. A ideia era que os sentimentos personificassem-se como os Perpétuos de Neil Gaiman em Sandman — e isso é dito na apresentação —, mas o título passa tudo menos isso. Se você acompanha esses podcasts, já sabe que rolou uma treta quando da escolha do nome da antologia, e eu começo a imaginar que qualquer um dos outros nomes propostos devia ser melhor do que esse. No entanto, achei muito legal a ideia da antologia, e torci para que desse certo — como deu, ainda que nos últimos instantes do prazo para o financiamento. Só acho que o resultado final podia ser um pouco melhor.

Dito isso, vamos aos contos.


1.º: Aquele terno maldito e aquele maldito gato, de Anna Schermak

Fala sério, que título daora! Muito legal mesmo… o título. Como não temos (ao menos no começo da obra) o sentimento que cada podcaster escolheu para usar, vou me ater aqui ao que imaginei ser — e, nesse caso, foi a Vingança. A história é interessante até o seu ato final abrupto deixar uma sensação de mas hein…? (Não vou falar dos plots porque os contos são todos bem curtos, e a descoberta deles é tão interessante quanto seus clímaces.) A ideia do conto até que foi interessante, mas podia ter sido bem melhor construído e, com isso, ganhar mais brilho. Tem uns momentos interessantes, contudo, apesar de fugir do tema proposto, que é personificar um sentimento, e não trazê-lo a um personagem (contudo, esse sentimento aflorado dialogou com o título, apesar de contradizer a apresentação da antologia). Nota 2 de 5.

Atualização ao fim da leitura: Errei o sentimento; era a Solidão.

2.º: O bosque da depressão, de Andrey Lehnemann [LivroCast]

Aqui o negócio engrena. E de vez. Com vontade. E digo mais: o melhor conto da antologia. O sentimento usado aqui é, obviamente, a Depressão, e essa história tem um nível de profundidade tão grande que funcionaria — que funcionará, tenho certeza — igualmente bem fora do contexto dessa obra. O autor escreve muito bem mesmo, não deixa aquela impressão de “novatismo” que outros transpareceram, e é forte, inquietante, perturbador. Nota 5 de 5.

Atualização ao fim da leitura: Acertei o sentimento :) (foi fácil essa, né?)

3.º: Existe amor na rua Paiquerê, de Cecília Garcia Marcon [30:MIN]

Ahá! Tem pegadinha aí, tenho certeza! Apesar de ter amor no nome, acho que o sentimento que é retratado nesse conto é a Solidão. Sua história instigante traz um protagonista muito interessante, e é o primeiro que traz o sentimento realmente personificado (ainda que O bosque da depressão também o traga na forma de um personagem — o próprio bosque). Um conto bem legal mesmo. Nota 3,5 de 5.

Atualização ao fim da leitura: Errei o sentimento; era a Obsessão. Fez sentido, embora eu achasse melhor se fosse a Solidão.

4.º: Mais uma bomba caiu no meu jardim, de Domenica Mendes [CabulosoCast]

Outro conto que fugiu do tema, como o primeiro. Aqui, transparece a preferência da autora pelas distopias young adult — e se você acompanha o podcast, deve ter percebido isso também. No entanto, achei o conto muito simples, sem nada marcante, raso até. Tanto que o sentimento que me pareceu permear a personagem foi a Apatia. Se era outro, não me foi possível captá-lo. Apesar da ambientação ser interessante, não difere muito de tudo o que já foi feito antes em distopias YA. Nota 2 de 5.

Atualização ao fim da leitura: Acertei na mosca; ponto para a autora.

5.º: Sua herança, de Igor Rodrigues [O Drone Saltitante]

Gostei desse conto, de verdade. Sentimento retratado: Ódio. Ou Ira. Ou Fúria. Aaaargh!!! He he. Fez bem jus à aura polêmica e inflamatória que o autor já criou na podosfera. Ele havia, inclusive, comentado que achava que o título não fazia sentido; no entanto, fez sim, e bastante. Esse é um mal do qual o conto não sofre. O autor usou um recurso que aprecio: não explica nada logo de cara. Confundi-me no começo sobre quem era o quê de quem, mas isso — imagino — foi de caso pensado e funcionou muito bem. A atmosfera foi bem trabalhada, e foi uma boa estreia do autor, apesar do final meio rocambolesco. Nota 3 de 5.

Atualização ao fim da leitura: Acertei a ideia, mas errei o nome do sentimento: era a Raiva.

6.º: O grande duelo, de Jefferson Figueiredo [30:MIN]

Outro cujo tema seria fácil de prever mesmo antes de ter a antologia em mãos, por causa das claras preferências do autor — westerns. Apesar de também ter (segundo o meu entendimento) fugido do tema, foi um conto bom, simples, mas talvez por isso mesmo tenha funcionado. É a história de um acerto de contas tardio; um ponto final em duas vidas sem sentido — e foi criado um passado interessante para os personagens, mesmo que tenha deixado margem para especulação (e acho que isso também seja um ponto a favor). Creio que o sentimento aqui retratado foi o Ressentimento, mas não estou muito certo. Nota 3 de 5.

Atualização ao fim da leitura: Errei o sentimento; era o Ódio. Não achei bem retratado, então. Está mais para ressentimento mesmo.

7.º: N. A. (Nostálgicos Anônimos), de Lucas Rafael Ferraz [CabulosoCast]

Junto com os contos do Igor, da Cecília e do Marcelo, esse fez exatamente o que a antologia pedia: um sentimento personificando-se — e, nesse caso, a Nostalgia. No entanto, o autor foi tão sutil na narrativa que talvez passe despercebida a “verdadeira verdade” de quem está por trás dos acontecimentos narrados. Contudo — e talvez por isso mesmo —, é um conto bastante inteligente, que não joga o segredo na cara do leitor. Achei ele muito bom mesmo. Nota 4 de 5.

Atualização ao fim da leitura: Acertei o sentimento, esse nem tinha como errar :P

8.º: Onde não deveria estar, de Marcelo F. Zaniolo [LivroCast]

O sentimento personificado aqui é claro e se anuncia: o Medo. Esse foi um conto muito bom, quase uma fábula; bem desenvolvido, bem escrito e bastante atmosférico. O personagem é interessantemente construído, de uma forma pouco convencional no que se trata de seu trauma, e seu antagonista é otimamente caracterizado. Nota 4 de 5.

Atualização ao fim da leitura: Outro que acertei, e outro que não tinha erro.

9.º: Ratos em sangue, de Mateus Lins [LiterárioCast]

Interessante esse conto. Curioso mesmo, uma vez que o autor é conhecido por ser autor de literatura juvenil. Aqui, ele amplia esse escopo e nos mostra uma história adulta, densa e cruel, numa construção atmosférica e melancólica. Apesar de achar que somente sentimentos negativos foram escolhidos, não consigo ver outra coisa que não a Esperança personificada na protagonista. Só acho que faltou um “quêzinho” que não consigo identificar… talvez na escrita… talvez no desenvolvimento… enfim. Nota 3 de 5.

Atualização ao fim da leitura: Errei o sentimento; era o Escapismo. Espera; isso é sentimento?

10.º: Peixe fora d’água, de Vilto Reis [30:MIN]

Apesar de também ter fugido à proposta (a não ser que o sentimento seja o peixe, he he), é um conto bom. Toca num tema que eu gosto muito — a crítica à fé cega e à autoridade irrefletida. Minha opinião do sentimento aqui retratado é um chute descarado: seria a Liberdade? Não me ficou muito claro. Nota 3 de 5 também.

Atualização ao fim da leitura: Errei o sentimento; era o Poder. Faz sentido, mas assim faz mesmo o conto fugir da proposta.


A antologia fecha então com uma nota 3,25 de 5 — e acho que foi justa. Tem uns contos bem bons, mas outros nem tanto. Claro que, para uma primeira antologia podosférica, está de muito bom tamanho; o design gráfico do interior está ótimo, ainda que a capa tenha pecado em um detalhe: além do título fraco, gerou muitas piadinhas, porque a palavra pele estava em destaque e passou-se a chamar a antologia de “o livro do Pelé”. Claro que foi uma brincadeira, mas não custava ter dado uma melhorada ao menos no design do título que já era ruim por si só.




Que venha a segunda antologia então, porque espero com curiosidade os contos do Lucien o Bibliotecário e da Priscila Rúbia do CabulosoCast; do Diego Lokow do LivroCast; da Diana Ruiz d’O Drone Saltitante… e claro, também, dos podcasts e podcasters esquecidos nessa: o Rodrigo Basso do Covil de Livros; da Melanie Yee e do Thiago Alves do Agentes do L.I.V.R.O.; da Gabriela Ventura do Taverna do Fim do Mundo; e do Ricardo Herdy e do Raphael Modena do Ghost Writer.

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