"Sentada no banco da praça, num canto onde não havia tantos cadáveres, eu olhava para a vacuidade do mundo. Como se meu cérebro se recusasse a pensar em alguma coisa mais prática, a única coisa que me vinha à cabeça era que logo, logo, aqueles cadáveres iriam começar a feder e com certeza não seria possível escapar do cheiro. Naquela hora da tarde, a luz solar, aquela mesma, que dizimara sonhos e projetos e amizades e amores, lançava uma quentura acalentadora no mundo, alongava sombras até seus limites e pintava tudo com uma paz etérea e ao mesmo tempo permanente, típica das coisas que vão ficar para todo o sempre e que não vão se importar com o que se pensa delas. E, falando nisso, eu não vou mentir que me importava com todas aquelas pessoas mortas — eu não me importava. Estava até feliz em estar sozinha. Por muitas vigílias eu pedi por isso."
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terça-feira, 2 de agosto de 2016
Contos do Dragão: Aquecimento global (Em fogo alto)
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